O koan é uma maneira utilizada desde a antiguidade pelos mestres orientais para transmitir seus ensinamentos aos seus discípulos, visando abrir os olhos do indivíduo à sua própria consciência. Um dos primeiros koans de que se tem conhecimento nos indaga “Qual a imagem do seu rosto antes de nascer?” “Você consegue vê-la?”. Essa indagação se propõe a exercitar a mente, a buscar a resposta. Ao aceitar o koan, passamos a questionar tudo o que até então aceitáramos como impossibilidade lógica, como verdade absoluta, e passamos a compreender que a maneira pela qual enxergamos as coisas ao nosso redor nem sempre é correta ou única.

O koan força o indivíduo a assumir uma atitude inquisitória até praticamente chegar à beira de um precipício mental. Propõe colocar a mente em um estado de total esforço até encontrar a resposta. Ao abandonar a racionalidade, transformamos-nos na própria questão, tornando-nos capazes de ver a nítida imagem da “face original”.

Em outro koan, o mestre mostra uma só das mãos e propõe aos seus discípulos que escutem o ruído produzido. Analogamente, a lógica só nos permite ouvir o som quando batemos as duas mãos, uma na outra. Como seria possível ouvir algum som provindo de uma só mão?

Mais uma vez, o objetivo é contrapor a racionalidade, construída nas bases da lógica e do cientificismo. Tal desmoronamento é o primeiro passo em direção à construção de uma nova ordem mental.

O koan é apenas um ponto de partida, que nos fornece o impulso inicial a caminho da conscientização. Seja a partir de uma imagem ou de um som, a finalidade é a mesma. Abrir a mente e nela encontrar verdadeiros tesouros.

17 de junho de 2010

Em mim

Um monge disse ao Mestre: – Sou tão desapegado que nunca penso em mim, só nos outros. O Mestre respondeu: – Sou tão objetivo que posso […]
10 de junho de 2010

O vento sopra

Num dia de muito calor, o Mestre se abanava devagar. Um monge aproximou-se dele e fez a seguinte observação: – A natureza do ar existe em […]
27 de maio de 2010

Discussão no deserto

O mestre vagava por uma trilha no deserto, quando cruzou com três homens ferozes. Eles estavam discutindo: – Existem três possibilidades para explicar o surgimento dos […]
20 de maio de 2010

Capacidde máxima

Um frágil vaso chinês, antigo e valioso, foi encontrado pelos habitantes do vilarejo. Teve início uma discussão na casa de chá sobre qual seria a capacidade […]
13 de maio de 2010

O sermão do mestre

Certo dia, os moradores do vilarejo quiseram pregar uma peça no Mestre. Já que era considerado uma espécie meio indefinível de homem santo, pediram-lhe que fizesse […]
6 de maio de 2010

A recompensa

O Mestre tinha algumas boas novas para o rei e, depois de grandes dificuldades, conseguiu marcar uma audiência – embora, por tradição, todo assunto teria, teoricamente, […]
29 de abril de 2010

A quem deveríamos culpar?

Um dia, ao voltarem para casa, o Mestre e seu discípulo encontraram-na assaltada. Tudo o que poderia ser carregado foi. – A culpa é sua – […]
22 de abril de 2010

O motivo da discussão

Já altas horas da madrugada, dois bêbados começaram uma discussão infernal bem debaixo da janela do Mestre, que prontamente acordou, enrolou-se no seu único cobertor e […]